Dos lecturas sobre el rol de Lula en la política actual del país (Emir Sader e Igor Gielow)

En Contexto
La justicia brasileña investiga si el expresidente Lula da Silva cometió delitos de corrupción y de lavado de dinero en el marco del supuesto fraude a Petrobras. Se presume que el exmandatario podría haber participado en el multimillonario esquema de sobornos del caso conocido como “petrolão”.

Que Lula em 2018? – Por Emir Sader

A obsessão da campanha da direita contra o Lula revela o tamanho do pânico que ela tem diante da possibilidade do retorno do Lula como presidente do Brasil. Lula representou para a direita a perda do controle do Estado brasileiro, a que ela esteve sempre acostumada – via eleições, via ditadura ou via mercados.

Lula se dispõe a ser candidato em 2018, conforme seu discurso de sábado passado no Rio. Que Lula é o que será candidato daqui a dois anos?

Lula não poderá reeditar o Lula de 2003. As condições internacionais mudaram para pior. Não pode ser o presidente do, como ele dizia: “Nunca os ricos ganharam tanto, nunca os pobres melhoraram tanto”. As condições não permitem mais a situação em que todos ganham ao mesmo tempo.

Lula é o único politico que pode reunificar um pais dividido e enfrentado como é hoje o Brasil. Ele é o único politico de prestigio, que tem atrás de si dois mandatos que se constituíram no melhor momento da historia brasileira. Que promoveu a imagem do Brasil no mundo como nunca tinha ocorrido. E’ quem pode recuperar para o governo a confiança que hoje falta, tanto da parte dos empresários, quando da parte da massa da população.

Esta’ no cerne dos sentimentos do Lula a vontade de recuperação de um grande projeto nacional de desenvolvimento com distribuição de renda. Seu projeto para o Brasil será uma proposta de recuperação do crescimento economico com a prioridade das politicas sociais como eixo, priorizando ainda mais a extensão do mercado interno de consumo de massas. Um projeto que reunifique o pais, recupere a confiança no Brasil, a auto estima dos brasileiros, a imagem do Brasil no mundo.

Lula reiterará o apelo para as divergências entre todos se traduza em visões e propostas distintas sobre o Brasil e não em ofensas e agressões. Que termine o clima de ódio e de vingança, que se instaure um grande debate nacional sobre os grandes temas e desafios que o pais enfrenta.

Lula tem as melhores condições para realizar um projeto desse tipo, porque tem o patrimônio do seu governo, porque os empresários necessitam um governo com amplo apoio popular e projetos claros, porque os trabalhos requerem a retomada do desenvolvimento com criação de emprego e proteção dos salários. Lula e’ o único dirigente brasileiro com credibilidade para pilotar um projeto dessa ordem.

Ele conta com transito com o grande empresariado e com os sindicatos, conta com equipe de economistas em condições de formular as propostas de um projeto com essas características. Lula é o único dirigente nacional com capacidade de contar com a confiança dos movimentos populares.

Seu projeto buscará adequar as propostas do seu governo às condições nacionais e internacionais atuais. Ele ja adiantou sua opinião de fazer um grande acordo com a China em torno do pré-sal, assim como de utilizar algo em torno de 100 bilhoes das reservas para fazer investimentos em infra estrutura.

Lula pode utilizar seu prestigio internacional para dar um novo impulso nos processos de integração regional e nos intercâmbios Sul-Sul, em particular nos Brics e no seu Banco de Desenvolvimento. Pode relançar os grandes debates sobre os problemas atuais do mundo, tanto os da busca de soluções pacificas para os conflitos bélicos, quanto os problemas de combate à fome no mundo, especialmente na Africa.

Um Lula na campana presidencial de 2018 será um Lula imbuído do espirito de recuperação do clima de intensos debates sobre os grandes problemas nacionais, econômicos, sociais, políticos e culturais. Um Lula que dialogará privilegiadamente com a juventude, com o compromisso de renovação politica do pais.

O tema da democratização dos meios de comunicação certamente será encarado como ele, porque estes anos o fizeram perceber a centralidade do tema para aprofundar a democratização do pais e a politização da massa da população. Como uma mídia como a atual envenena ao invés de ajudar a esclarecer a real situação do pais.

Lula não é um radical. Seu espirito é sempre o da agregação, não o da exclusão. Sua estada no governo, mas também estes anos fora da presidência, lhe fizeram amadurecer muito. Como se viu no seu discurso de sábado passado no Rio, ele está com muitas ganas de concorrer, ganhar e voltar a ser presidente do Brasil. Será um Lula que vai resgatar tudo o que deu certo e vai ser muito mais audaz e criativo.

Brasil 247

Lava Jato enquadra agressividade de Lula, e protestos ganham força- Por Igor Gielow

A inédita operação visando diretamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma demonstração pujante de força institucional da Operação Lava Jato e um reforço simbólico ao movimento que pede a saída do governo petista do poder. Ela ocorre justamente no momento em que o petista anunciou publicamente sua disposição de ir para o enfrentamento.

Com o crescente cerco da Lava Jato, mas não só ela, sobre si e sua família, Lula buscou vestir novamente o figurino de líder sindical raivoso. Com discursos inflados, decretou a morte do “Lulinha paz e amor” que envergava para não assustar as elites que conquistou e nutriu para ter dois bem-sucedidos mandatos à frente da Presidência.

De duas semanas para cá, criou site para tentar intimidar jornalistas. Prometeu processar Deus e o mundo. Esbravejou na Justiça, e obteve vitórias no intento, que não poderia ser investigado. Derrubou José Eduardo Cardozo da pasta da Justiça com a enésima queixa de que ele não controlava a PF que agora bateu à sua porta.

Deu no que deu. Como outros personagens, sendo João Santana e sua mulher exemplos mais recentes, sabem, a Lava Jato não perdoa soberba. Obviamente, ser implacável anda de mãos dadas com correção: para o bem do futuro da força-tarefa, é bom que haja motivos bem sólidos para tudo o que está acontecendo na manhã desta sexta.

O recado para os poderes constituídos é brutal. Como disse, no hoje longínquo 2014, um dos capitães da investigação, “não sobrará ninguém”. Perguntei se isso incluiria os próceres do poder e a resposta foi um assertivo sorriso.

A reação, previsivelmente, será também de força. A imagem de carros de polícia na frente da casa de Lula certamente remeterá, para os que ainda o apoiam no espectro petistas-governista, ao sindicalista preso na ditadura militar. Lula irá usar a analogia, buscará a vitimização a fim de somar o martírio à sua usual hagiografia.

Isso pode dar certo, embora seja incerto dado que os indícios acumulados contra o petista são muito grandes –de quebra, sítios e apartamentos, a fração teoricamente menos grave do que se imputa no escopo da Lava Jato ao líder petista, são ícones de fácil assimilação pela sabedoria popular.

Ainda assim, é previsível também que subiu o grau de risco de confronto no próximo fim de semana, para quando está marcado o próximo protesto pedindo o impeachment de Dilma Rousseff. Militantes a soldo e apoiadores espontâneos de Lula, cada vez mais pertencentes a nichos com demandas específicas e autointituladas progressistas, talvez tentem fazer frente ao provável engrossamento do coro antipetista em centros urbanos.

Politicamente, é um prego no caixão cada vez mais fundo na terra do PT e do governo. No caso do partido, Lula é passado, presente e futuro sob ameaça. É o único presidenciável viável da sigla, com respeitável apoio popular, ainda que decadente de forma acelerada.

O cerco contra o líder encima um longo processo pelo qual os petistas e suas práticas reveladas são as responsáveis centrais, apesar do choro contra elites, imprensa e os suspeitos de sempre. Nesse sentido, o batismo da operação, Aletheia, remete ao desvelamento da verdade além das aparências. Soa apropriado, ainda que alguém possa implicar com a associação nazista do principal filósofo a trabalhar o conceito no século 20, Martin Heidegger.

Já para Dilma, que em outros momentos talvez até agradecesse ver o antigo mentor e não ela no centro do fogo, não há boa notícia possível. Após a pré-delação vazada do seu ex-líder no Senado Delcídio do Amaral (PT-MS) a colocar diretamente na mira da Lava Jato, a petista vê a queda em desgraça do homem que a criou politicamente –e a quem entregou a cabeça de Cardozo, numa demonstração de fraqueza compatível com sua baixíssima popularidade e com o esfarelamento econômico e político do país sob seu comando.

A queda de Lula, que, ressalte-se, nem de longe pode ser considerada definitiva, só favoreceria uma Dilma em momento de força, algo que não acontece desde os protestos de junho de 2013. Agora, mesmo com ambos estremecidos, restará um tentar apoiar-se no outro. Lula é mestre em ressurreições e tem a resiliência política mais conhecida do país, mas tal abraço poderá ser de afogados sob os jatos d´água de Curitiba.

Folha de S. Paolo

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