Brasil: protestas y escasez de servicios a una semana del desastre de Brumadinho, la represa que dejó 110 personas muertas y 238 desaparecidas

Brasil 7 días después del crimen: 110 muertos, afectados protestan contra mineras

Luto e indignación. Los dos sentimientos convivieron, lado a lado, el séptimo día del rompimiento de la represa de la minera Vale, en Brumadinho (estado de Minas Gerais). Este jueves, el número de víctimas fatales saltó de 99 a 110. En Brumadinho, Córrego do Feijão y Parque das Cachoeiras, otras poblaciones del mismo estado, las familias realizan celebraciones en homenaje a los muertos y desaparecidos. Movimientos populares, ligados a la causa de los afectados, hicieron protestas en varios municipios del estado.

El Movimiento de Afectados por Represas (MAB por sus siglas en portugués) se reunió con la Fiscalía General de la República al comienzo de la tarde y exigió garantías para que la impunidad verificada en el crimen de la Samarco, en noviembre de 2015, no se repita en el caso de Brumadinho. Después de la reunión, la fiscal Raquel Dodge y el magistrado del Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli crearon un observatorio para monitorear grandes tragedias. La Secretaría de Estado de Impacto Social anticipó el pago del Bolsa Familia a los habitantes de Brumadinho.

Equipos del MAB están en Brumadinho, Parque das Cachoeiras, Córrego do Feijão y Pará de Minas (estado de Minas Gerais), en brigadas de trabajo por toda la cuenca del rio Paraopebas, para auxiliar a las familias afectadas.

Manifestaciones

Afectados de la ciudad de Barra Longa (estado de Minas Gerais), distrito afectado por la rotura de la represa de Fundão, en 2015, cierran una oficina de la Fundación Renova en la ciudad, en protesta contra el atraso en las reparaciones. Después de tres años del crimen, los habitantes siguen sin haber sido reasentados, sin ingresos, y su acceso a la salud ha sido perjudicado.

El Frente Brasil Popular protagonizó dos manifestaciones contra el modelo predatorio de explotación minera en el estado. Militantes ocuparon la sede de la Vale en la ciudad Governador Valadares (estado de Minas Gerais), alegando que el municipio fue afectado por el crimen de las empresas Vale, BHP Billiton y Samarco en 2015, y hasta hoy los habitantes sufren con las consecuencias del lodo. Otro grupo, de cerca de 300 personas, bloqueó la vía de desfogue de la minera Ferrous, en Serra Azul (MG), a cerca de 3 km de Brumadinho, al inicio de la tarde. Os manifestantes paralizaron los trenes y camiones de la minera.

Según los militantes, la empresa continúa llevando minerales de hierro de la región, incluso después del rompimiento de la represa Mina do Feijão, que arrojó 13 millones de metros cúbicos de relaves al río Paraopeba.

“Nos falta entender. Porque del otro lado está ahí la noticia de que hay centenas de trabajadores asesinados por el lodo de la Vale. Al mismo tiempo, las empresas de minería de Brumadinho continúan trabajando”, afirma Cristiano Meirelles, de la coordinación estadual del Movimiento de Trabajadores Rurales Sin Terra (MST). De acuerdo con Meirelles, la minera intensificó el número de vehículos cargados de minerales de hierro en los últimos días.

Entre la población afectada en Serra Azul, está la Aldeia Pataxó Hã Hã Hãe y los Campamentos Patria Libre y Zequinha, ambos del MST. Las dos primeras áreas fueron creadas juntas, en una acción de solidaridad entre los sin tierra e indígenas, en una jornada de luchas realizada en 2017 que ya denunciaba a las mineras de la región y la corrupción de la empresa MMX.

Al final de la tarde, en Belo Horizonte, ocurrió el “Acto de Lucha Contra la Masacre de la Vale en Brumadinho”, frente al Memorial de la Vale, con intervenciones artísticas, velas y carteles en protesta contra la actuación de la empresa. La manifestación fue convocada por integrantes del MAB y del Movimiento Por la Soberanía Popular en la Minería (MAM), articulados en el Frente Brasil Popular del estado de Minas Gerais.

Resultados

Después de la manifestación de los habitantes, la Compañía Siderúrgica Nacional (CSN) afirmó que va a desactivar la represa Casa de Pedra, en Congonhas (estado de Minas Gerais).

También este jueves, la Justicia paralizó las actividades de la Minera Ibirité, en Brumadinho. La decisión atiende una solicitud del Ministerio Público de Minas Gerais. La represa queda cerca a la de la mina Córrego do Feijão, que se rompió el pasado día 25.

El día de búsquedas termina con 71 cuerpos identificados, 238 personas sin contacto o desaparecidas, 192 rescatados y 108 desalojados.

El gobierno estadual informó, por medio de comunicado, que toda el agua del rio Paraopeba está contaminada, y se orienta a la población a no mantener contacto ni ingerir el líquido. La recomendación es mantener una distancia de 100 metros respecto al lecho.

Brasil de Fato


Número de mortos chega a 110 em Brumadinho; 238 estão desaparecidos

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais informou, nesta quinta-feira (31), que 110 pessoas morreram por conta da queda da barragem 1 da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG). Os oficiais ainda disseram que 238 pessoas permanecem desaparecidas, e 108 pessoas estão desabrigadas.

O tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros, afirmou que os corpos retirados da lama até agora estavam em áreas superficiais, e que o próximo passo é iniciar as buscas em locais mais profundos. “O processo agora vai demandar mais trabalho, vai ser mais minucioso. Vamos ter que fazer escavações”, afirmou Aihara.

O delegado da Polícia Civil, Arlen Bahia, confirmou que 71 corpos já foram identificados pelo Instituto Médico Legal. Destes, 60 foram entregues às respectivas famílias, e 11 estão sendo avaliados pelo instituto. Por conta das condições dos corpos, o IML utilizará mais as técnicas de avaliação de arcada dentária e de DNA das vítimas.

O tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador da Defesa Civil de Minas Gerais, destacou também a condição das águas na região. Ele descartou que as cidades vizinhas a Brumadinho fiquem desabastecidas.
O governo de Minas Gerais divulgou na manhã desta quinta (31) uma nota onde afirma que a água está contaminada e não deve ser consumida em sua “forma bruta”.

A única ressalva feita por Godinho é em relação às pessoas que captam água do rio Paraopeba de forma autônoma, como a população ribeirinha. “Essas pessoas já foram identificadas, e 50 caminhões-pipa, com 20 mil litros de água potável cada, serão entregues a essas pessoas”, afirmou Godinho.

Segundo Godinho, há pelo menos 40 técnicos fazendo um monitoramento para verificar se todas as pessoas receberam a água potável.

Governo de MG não sabe como evitar rompimentos

O governo de Minas Gerais ainda não tem “clareza” para evitar novos rompimentos de barragens atualmente, afirmou o vice-governador Paulo Brant (Novo) nesta quinta-feira (31). A declaração foi dada após reunião dele com o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), no Palácio do Planalto.

“Nós vamos aprender com esse episódio, com certeza. Clareza absoluta [para evitar novos episódios], não, mas estamos aprendendo. A gente está estudando, avaliando, né?”, declarou Brant ao ser questionado se o governo estadual tem conhecimento do que é preciso ser feito para se evitar novas tragédias como as das minas da Vale em Brumadinho e da Samarco – da qual a Vale é uma das integrantes – em Mariana.

Brant afirmou que a ação de resgate e busca de corpos “correu bem” na medida do possível e que não houve falta de recursos humanos, alimentos nem apoio logístico. “Tudo o que tinha que ser feito foi feito”, defendeu.

Segundo o vice-governador, todas as barragens a montante – mesmo modelo das que se romperam em Brumadinho e Mariana – em Minas Gerais serão vistoriadas com a ajuda do governo federal. Na terça (29), ministros de Estado anunciaram que a União vai focalizar a fiscalização em 3,3 mil barragens classificadas como de alto risco pelo país.

PGR cobra que Vale assuma responsabilidade

Após reunião com integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens nesta quinta-feira (31), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, cobrou que a Vale não espere a atuação da Justiça para reparar os danos ambientais e fornecer assistência aos atingidos pelo rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho (MG), na última sexta (25).

Segundo Dodge, é preciso que as mineradoras assumam “um compromisso” pela segurança nas barragens e para que a reparação dos danos e assistência às vítimas seja feita prontamente, sem que as ações dependam de decisões judiciais.

“As empresas que exploram essa atividade econômica precisam assumir de forma muito séria o compromisso de zelar diuturnamente pela higidez de cada uma das barragens para que elas não se rompam, para que novas vítimas não sejam atingidas”, afirmou.

UOL


“Sem água, banheiro, energia e informação”, reclamam agricultores de Brumadinho (MG)

O rompimento da barragem de rejeitos da mina do Córrego do Feijão completou uma semana nesta sexta-feira (1), mas grande parte da população atingida pela lama continua sem nenhum tipo de contato da mineradora Vale. Um desses exemplos é o do casal Isamara Araújo de Morais e Pedro de Jesus Rocha, moradores da comunidade Parque das Cachoeiras, em Brumadinho (MG), que foi atingido diretamente pela lama.

Uma das casas do sítio, onde estavam no momento do rompimento da barragem, foi totalmente tomada pela lama. A outra moradia está a menos de 10 metros dos rejeitos, onde foram encontrados dois corpos pelo Corpo de Bombeiros na última quinta-feira (31). Por isso, estão frequentemente expostos a equipes de resgate, jornalistas e aos rejeitos.

De acordo com Isamara, o sentimento é de perplexidade. “Foi na hora do almoço [a chegada da lama]. Eu estava esquentando almoço. Estávamos eu, meu marido e meu enteado. Aí de repente começou um barulho muito forte. A gente não sabia da onde que vinha esse barulho, porque não tocou sirene. Meu enteado correu morro acima e voltou desesperado dizendo que tinha alagado tudo. Foi a conta da gente só pegar a chave do carro e sair, porque a lama tava vindo. A gente corria e a lama vinha atrás. Foi muito rápido. Nós estamos em choque. Ficamos desesperados sem saber o que fazer”, recorda Isamara.

Os moradores contam ainda que estão vivendo sem água e energia elétrica, que foram interrompidos após o impacto do tsunami de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos. “Eles tem que trazer alimentação, dar uma assistência. A gente tá aqui sem banheiro, porque a gente teve que interditar o banheiro. Eu fiz pedido pra eles trazerem um banheiro químico, mas eles não deram nenhuma resposta. Também tá sem energia aqui. Eles precisam dar alguma informação para ver o que a gente faz. Estamos sem água, banheiro, energia e informação”, afirma Pedro.

Produção comprometida

O casal se mudou para essa propriedade há um ano e meio, vindos de Belo Horizonte (MG), com o objetivo de viverem por meio da agricultura. Essa região é uma grande fornecedora de alimentos a Belo Horizonte, que também será impactada indiretamente pela interrupção da produção. “Antes a vida aqui era um sonho. A gente tirava leite, fazia um queijo, tirava ovos caipiras, também vendia leitão. E, de repente, veio essa tromba de lama aí, o mundo acabando, esse desastre, e acabou com tudo. Se você olhar no meu curral vai ver que tá vazio, não tem nenhuma cabeça de criação, sumiram tudo”, relata Pedro.

O agricultor está preocupado com o que será do seu futuro, já que não tem nenhuma informação sobre indenizações ou reassentamentos. “Ninguém da Vale procurou a gente. A gente só espera informação do que vai acontecer. A gente quer que eles cheguem aqui pra dizer se o gado vai ser ressarcido, se eles vão dar outra fazenda pra eu ficar. A minha atividade, por exemplo, não tem como colocar um valor, porque cada mês eu tirava uma quantia diferente, na roça é assim”, acrescenta.

Tragédia anunciada

Pedro, assim como outras milhares de pessoas na região, já trabalhou indiretamente para a Vale, em uma empresa terceirizada que prestou serviço justamente no complexo da mina do Córrego do Feijão. Para o atingido, existe uma contradição muito grande com a atividade da mineradora. “Toda a riqueza que a Vale trouxe pra cidade de Brumadinho ela tirou em meia hora. Em meia hora ela detonou tudo. Ela deu emprego, mas agora acabou com tudo”, lamenta.

Pela experiência na empreiteira quando atuou na mina, Pedro afirma que tinha conhecimento do risco de rompimento da barragem. “Tem uma senhora que trabalhava na Vale, no escritório, e fez um vídeo [denunciando que os executivos sabiam dos risco do rompimento]. E esse vídeo é verdade. Pra gente que conhece a barragem, que trabalhou lá dentro, não era nenhuma novidade que isso futuramente ia acontecer. Porque a barragem é construída em cima de lama. Ela não tem nada embaixo pra segurar. É um rejeito muito grudento, que retém água, arenoso. Se tivesse seguro, não teria ocorrido isso. Eles ganham muito dinheiro, por isso teriam condições de fazer uma barragem mais segura”, opina.

Próximos passos

Na última terça-feira (29), o Ministério Público de Minas Gerais embargou o cadastramento de perdas e danos materiais das pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de Córrego do Feijão, que estava sendo realizado pela empresa Sinergia, contratada pela Vale. A decisão ocorreu após reivindicações do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) aos órgãos do judiciário responsáveis pelo acompanhamento do caso.

De acordo com Pablo Dias, integrante da coordenação nacional do MAB, o cadastramento não pode ser realizado no curto prazo e muito menos pela Vale. “As famílias não conseguiram ainda enterrar os seus mortos, vivem na expectativa diária de ainda encontrar seus parentes vivos e a Vale já estava tentando realizar o cadastramento das perdas materiais, o que é impossível para as famílias atingidas nesse momento”, explica.

De acordo com o MAB, será realizado um cadastramento emergencial por um órgão independente indicado pelo Ministério Público Federal, que listará as principais demandas da população para serem solucionadas no curto prazo.

Apoio financeiro

A reportagem entrou em contato com a Vale, questionando sobre a existência de um plano emergencial para a realocação de famílias que estão em contato direto com a lama. Em nota, a Vale respondeu que vai ampliar o “apoio financeiro humanitário para os atingidos” pelo rompimento em Brumadinho. “Além da doação de R$ 100 mil para as famílias de vítimas fatais e desaparecidos, aqueles que moravam ou tinham suas atividades rurais ou comerciais na Zona de Autossalvamento (ZAS) do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) receberão um apoio financeiro humanitário”.

De acordo com a mineradora, serão criadas duas categorias de apoio financeiro: uma para todas as famílias que residiam na ZAS, que receberão a doação no valor de R$ 50 mil; e outra para os que não têm residência na região da ZAS, mas desenvolviam atividades rurais ou comerciais cadastradas pela companhia quando da elaboração do PAEBM. No segundo caso, a doação será de R$ 15 mil.

Segundo a Vale, esse “apoio financeiro humanitário” é uma doação e não se trata de indenização, “que será acordada entre as partes em conjunto com as autoridades”.

Brasil de Fato


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